segunda-feira, 30 de junho de 2014

Desapegar

Pra escutar durante a leitura / To listen while reading

Iron And Wine - Upward Over The Mountain




No meu último mochilão, viajei sozinha. 
2 Semanas. 
1 país. 
2 províncias. 
5 cidades. 
1 Larissa. 
3 mochilas e muitas dores nas costas. 
Aprendi da forma mais "pesada" possível que preciso desapegar de algumas coisas. Desapegar não só das 15 blusas e 5 calças que eu achava que iria usar. Desapegar não só dos 3 livros e das 2 palavras-cruzadas que achava que ia ler e fazer. Desapegar não só do computador, tablet, celular e milhões de aparelhos eletrônicos que basicamente possuem as mesmas funções e que eu insisto em levar ao mesmo tempo para todos os lugares. Não. Não só isso.  Aprendi que preciso desapegar de muito mais. 

Minha mochila anda muito pesada, cheia de sentimentos, pensamentos e planos que não preciso ou que não irei usar. Me agarro a eles por insegurança, por não confiar no caminho e achar que vou precisar deles um dia, mesmo não precisando deles agora. 

Tenho tanto amor pela vida, pelo mundo, pelos meus, que se pudesse carregava tudo e todos dentro da mochila. Mas, quando caminhei sozinha e tive que parar de 2 em 2 quarteirões pois minhas costas e pernas gritavam desesperadas por descanso, percebi que isso era impossível. Não consigo, e mais importante, não posso, levar o mundo nas minhas costas. Nossas costas não foram feitas para carregar tudo, mas para carregar apenas o necessário para cada viagem. E, se somente nós conhecemos o roteiro e o caminho, somente nós saberemos o que é necessário levar dentro da mochila. 

As dores nas costas me ensinaram que não preciso de tanta roupa se as que tenho são suficientes para me aquecer, não preciso de tantos livros se tenho que dividir o meu olhar  entre as palavras e as paisagens, não preciso de tantas conexões eletrônicas se existem tantas outras mais interessantes para se fazer off-line. Desapegar do que estamos acostumados. Desapegar do que achamos que sabemos. Desapegar do que achamos que somos. Pois só assim estaremos abrindo espaço na nossa mochila para os novos aprendizados do caminho.




On my last backpacking, I traveled alone. 
2 Weeks. 
1 country. 
2 provinces. 
5 cities. 
1 Larissa. 
3 backpacks and many back pain. 
I learned by the "hard" way possible that I need let go of some things. Let go not only the 15 t-shirts and 5 pants that I thought I would use. Let go not only the 3 books and 2 crosswords that I thought I was going to read and do. Let go not only the  computer, tablet, mobile and many electronics that It have basically the same functions and I insist on taking at the same time to everywhere. No. Not only that. I learned that I need to let go more things. 

My backpack goes heavy, full of feelings, thoughts and plans that I don't need or I won't use. I cling to them because of my insecurity, because I don't trust in the way and I always think that I'll need them one day, even if I don't need them now. 

I have so much love for life, for the world, for my people, that I would like to load everything and everyone inside of my backpack. But when I walked alone and had to stop many times, because my back and legs screamed desperate for rest, I realized that this is not possible. I can't, and more importantly, I shouldn't, to lead the world on my back. Our backs were not made to carry everything, but what we need to each trip. And, if only you know the script and the way that you will travel, only you can know what is necessary to take into the backpack. 

My back pain taught me that I don't need so many clothes if I that one that Ihave are enough to warm me, I do not need so many books if I have to split "my look" between words and landscapes, that I don't need so many electronic connections if there are many other more interesting to do offline. Let go of what we are accustomed. Let go of what we think we know. Let go of what we think we are. Because only that will be opening space to new learning that we can get in the path.  


Larissa R. Bezerra
30/06/2014